Muita gente está preocupada com as reações da natureza nesses últimos tempos, no entanto, poucos sabem o que significa exatamente a expressão “pegada ecológica” e de que maneira esse curioso termo pode contribuir para minimizarmos os danos ao meio ambiente.
Antes de entrarmos nos detalhes dessa expressão e no conteúdo que estaremos apresentando, é muito importante que se saiba que o ano de 2023 foi o período mais quente já registrado no planeta.
Segundo o serviço de clima da União Europeia, o ano de 2023 foi 1,48º C mais quente do que a média global dos anos anteriores.
Para se ter ideia do que esse acréscimo de temperatura pode fazer no planeta, foram constatadas as seguintes situações:
- o gelo da Antártida (polo sul) atingiu um nível assustador de derretimento,
- em menor volume, o degelo também foi observado na região do Ártico (polo norte),
- o nível do mar está subindo na América do Norte e Europa,
- os oceanos atingiram temperaturas recordes em todo o planeta.
Para quem acha que essa situação está associada ao fenômeno “El Niño”, é importante compreender que apesar da realidade dessa situação, vivemos um momento onde as atividades humanas estão por trás do aquecimento global.
Para comprovar isso, é importante lembrar que o “El Niño” também esteve presente nos anos de 1998 e 2016, no entanto, os seus efeitos não podem ser comparados com os recordes negativos que o mundo conquistou no ano de 2023, o que significa que o problema vai muito além do fenômeno natural.
A pegada ecológica é uma maneira de países, estados, cidades, empresas, associações e todo tipo de empreendimento acompanhar os “rastros” que estamos deixando quando o assunto é proteção ao meio ambiente, ou melhor, a falta dessas ações.
Vamos conhecer detalhes a esse respeito nesse post, além de apresentarmos de que forma esses números podem ser contabilizados e servir de inspiração para que ações sejam tomadas. Continue conosco e confira!
A pegada ecológica
A pegada ecológica deixa marcas, assim como ocorre quando caminhamos pelos mais diversos locais.
São vestígios que registram a presença de pessoas, portanto, facilmente detectados pelo olhar ou por equipamentos e tecnologias que nos ajudam a identificar o que está acontecendo.
Essa expressão é o nome dado a uma metodologia contábil que avalia o impacto do consumo sobre os recursos naturais.
Criada em 1996, pelo suiço Mathis Wackernagel e pelo canadense William Rees, esse conceito conseguiu, pela primeira vez na história do mundo, apontar um modelo de medição do impacto humano sobre o meio ambiente.
Isso significa que, a partir de estudos e da contabilização realizada a partir dessa metodologia, conclui-se que desde o ano de 1970 a humanidade vive um déficit ecológico, ou seja, consumimos mais do que o planeta consegue suportar para a sua regeneração.
Descubra o que compõe a pegada ecológica
A medição da pegada ecológica é realizada a partir da análise das seguintes situações:
- diferente territórios produtivos do planeta (pastagens, oceanos, florestas, etc),
- formas de consumo,
- tecnologias adotadas,
- tamanho populacional, etc.
Para realizar essas contas, são considerados os usos e recursos que podem ser medidos em termos de áreas necessárias para manter a produtividade biológica, portanto, são avaliados:
Carbono
A queima dos combustíveis fósseis é o grande responsável pela emissão do CO2 na atmosfera.
Portanto, consegue-se avaliar a situação a partir da medição da extensão de áreas florestais capazes de sequestrar as emissões desses gases, excluindo a parcela absorvida pelos oceanos que provocam a acidificação dos mesmos.
Áreas de cultivo
Outro número importante que entra na contabilização da pegada ecológica é a extensão das áreas de cultivo usadas para a produção de alimentos.
Além dessas áreas, precisam também ser considerados nos cálculos os espaços destinados para:
- ração para alimentação dos animais de criação,
- produtos oleaginosos,
- produção da borracha.
Pastagens
A medição das pastagens é outro fator importante nessa contabilização, portanto, é preciso conhecer as áreas utilizadas para a criação de gado de corte, produção de leite, couro e produtos de lã.
Florestas
As florestas, nesse caso, são aquelas utilizadas para o fornecimento de produtos madeireiros, celulose e lenha.
Áreas construídas
Chegamos a medição das áreas construídas e voltadas a infraestrutura humana, onde devem ser considerados:
- transportes,
- habitação,
- indústrias,
- estruturas para a geração de energia (hidrelétricas, termelétricas).
Tratam-se de todas as áreas cobertas e desenvolvidas para abrigar as atividades que facultam a vivência e o dia a dia das atividades humanas.
Estoques pesqueiros
Por fim, existem ainda os estoques pesqueiros, ou seja, a medição da produção primária para a sustentação de peixes e mariscos capturados, tanto para as espécies marítimas como também para as de água doce.
A partir da contabilização desses itens, é possível saber qual a pegada ecológica que uma pessoa ou um país exerce junto ao meio ambiente.
Calcule a pegada ecológica e ajude a minimizar os danos ao planeta
O cálculo da pegada ecológica é realizado a partir da soma das áreas necessárias para:
- fornecer os recursos naturais renováveis,
- formação das infraestruturas humanas,
- absorção de gases de efeito estufa.
Para isso, é utilizada a unidade de medida conhecida como hectare global (gha), utilizada em todo o mundo para medir as terras e águas produtivas necessárias por um período de um ano.
Utilizando-se tabelas específicas, os resultados são convertidos em uma área medida em hectares.
Além disso, fazem parte do cálculo as áreas utilizadas para receber detritos e resíduos gerados pela atividade humana, além da quantidade de terra e água utilizada para a proteção ambiental.
Por fim, a partir desses resultados, é possível fazer comparações entre os diferentes padrões de consumo, verificando se estão dentro da capacidade ecológica do planeta.
Para se ter uma boa ideia a respeito do quanto andamos em termos de pegada ecológica, é importante saber que os cálculos realizados em 1971 e 2022 mostram que avançamos a passos largos para grandes problemas ambientais.
Enquanto no ano de 1971, demonstrou-se que o planeta estaria esgotando todos os recursos naturais no dia 25 de dezembro daquele ano, em 2022 esse esgotamento teria acontecido na data de 28 de julho.
Daí então o déficit já mencionado com que estamos convivendo desde a década de 1970, o que significa que a natureza só consegue suportar as demandas do planeta por pouco mais de meio ano.
Isso significa que estamos agredindo violentamente o meio ambiente e que precisamos urgentemente reverter esse quadro, sob pena de sérios problemas em todos os continentes do mundo.
Se você está interessado em contribuir e fazer parte da luta de recuperação, é importante ler também nosso post que apresenta a importância do carbono neutro para a sustentabilidade!