Em 2015, o australiano Andrew Turton, um apaixonado por surfe e preocupado com as condições ambientais, teve uma ideia inovadora. Ele pensou: “Se podemos ter lixeiras estrategicamente posicionadas em áreas terrestres, por que não criar uma lixeira flutuante para o mar?”
Compartilhando sua visão com o amigo Pete Ceglinski, ambos decidiram transformar essa ideia em realidade. O resultado foi a criação de uma solução eficiente que, atualmente, já é utilizada em mais de 20 países ao redor do mundo.
Você sabia que é essencial limpar os oceanos? E não estamos falando apenas da poluição causada por navios ou vazamentos de óleo. Grande parte da poluição que chega aos mares vem diariamente de resíduos despejados em:
- esgotos,
- valas,
- córregos,
- rios.
O plástico, por exemplo, é um dos maiores problemas encontrados no oceano, eliminando ecossistemas e destruindo a vida.
Para se ter ideia a esse respeito, um estudo realizado pelo projeto Blue Keeper, ligado ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas, só no Brasil chega todos os anos 3,44 milhões de toneladas de plástico pelo Oceano Atlântico.
O estudo apresenta uma estimativa de que existam entre 86 a 150 milhões de toneladas desse resíduo nos oceanos.
Pior do que isso é saber que não são apenas resíduos plásticos que são descartados indevidamente, portanto, o problema vai além.
Neste post, apresentaremos a lixeira flutuante, uma invenção que revoluciona a coleta de resíduos no mar. Continue a leitura e conheça detalhes a esse respeito.
Como a lixeira flutuante funciona?
Turton e Ceglinski, depois de muita conversa e estudos, criaram um equipamento chamado Seabin.
A lixeira flutuante é constituída de um reservatório ligado a uma bomba e fica instalada em docas, diques, cais ou qualquer elemento fixo que possa suportá-lo.
Localizado logo abaixo da superfície da água, ela suga 25 mil litros por hora e captura 1,5 kg de detritos por dia, como:
- plásticos,
- microplásticos de até 2mm,
- microfibras,
- linhas de pesca,
- bitucas de cigarro,
- todo tipo de resíduo que possa estar pelas proximidades.
Outro detalhe: esse equipamento também serve para limpar a água de material orgânico contaminado, como folhas, algas marinhas, etc.
Por fim, é possível ainda instalar um componente almofadado que absorve óleo e detergentes encontrados facilmente nas marinas existentes ao redor do mundo.
Funcionando 24 horas, o único trabalho necessário é que o recipiente seja esvaziado periodicamente para que o processo continue funcionando de forma adequada.
O Seabin tem capacidade de recolher anualmente 90 mil sacolas e 16,5 mil garrafas plásticas.
Testes e resultados iniciais da lixeira flutuante em Montenegro
A lixeira flutuante Seabin está presente em diversos países e também na Baía de Kotor, em Montenegro (Europa), um patrimônio natural tombado pela Unesco.
Apesar da deslumbrante beleza do local, o nível de poluição por plástico na baía é alarmante, superando a média registrada em outras praias europeias. Nesse contexto, a instalação dos equipamentos Seabin tem desempenhado um papel significativo na redução da poluição.
Nos primeiros seis meses após a instalação, os testes mostraram que as lixeiras flutuantes recolheram 800 quilos de detritos flutuantes na marina do porto.
O impacto não poderia ser mais positivo: os equipamentos continuam operando e impedindo que resíduos alcancem o oceano. Essa é uma iniciativa exemplar e responsável, que deve servir de inspiração para outras regiões ao redor do mundo.
Benefícios comprovados com os testes da lixeira flutuante
Evidentemente, a lixeira flutuante não é a solução que irá resolver os problemas que já causamos aos oceanos, mas devemos admitir que é uma maneira inteligente de evitar que a contaminação continue se desenvolvendo.
Certamente é uma solução que merece a atenção das autoridades e de todos aqueles que desejam proteger o meio ambiente, em especial as praias e os oceanos.
Os benefícios comprovados a partir dos testes com o Seabin demonstram:
Coleta de microplásticos
Como vimos, a tecnologia da lixeira flutuante possibilita que microplásticos possam ser capturados pelo equipamento.
É importante entender que essas partículas pequenas são difíceis de serem removidas, portanto, trata-se de uma excelente opção no combate a esse sério e complicado problema que invade os oceanos e destroem os ecossistemas.
Monitoramento da poluição marinha
A partir da coleta dos resíduos da lixeira flutuante, além da limpeza, consegue-se também obter dados precisos com relação à poluição oceânica, ou seja, torna-se possível monitorar os diversos ambientes onde os equipamentos estejam instalados.
De posse dos materiais coletados, sabe-se exatamente o que vem prejudicando cada região, facilitando a adoção de medidas adequadas para eliminar o problema.
Modelo compatível com cidades inteligentes
Certamente o Seabin é perfeitamente compatível com o que vem sendo conhecido como cidades inteligentes.
De acordo com a União Europeia, as Smarts Cities:
“… vão além do uso de tecnologias digitais para melhor uso de recursos e menos emissões.
Isso significa redes de transporte urbano mais inteligentes, instalações de abastecimento de água e descarte de resíduos melhoradas e maneiras mais eficientes de iluminar e aquecer edifícios.
Isso também significa uma administração municipal mais interativa e responsiva, espaços públicos mais seguros e atendimento às necessidades de uma população envelhecida.”
Trata-se, portanto, do uso de tecnologias sustentáveis que podem ser facilmente integradas a ambientes urbanos para a resolução de problemas ambientais críticos.
O exemplo de Montenegro precisa ser seguido por outros países do mundo, sendo essa apenas uma das soluções que podem ser aproveitadas para que se inicie uma luta direta contra a poluição dos oceanos.
Desafios e perspectivas futuras para a lixeira flutuante
Como vimos, a lixeira flutuante é uma excelente ferramenta no combate à poluição dos oceanos. No entanto, sua eficácia, por si só, não é suficiente para promover a recuperação plena dos mares.
A tecnologia, que nem sempre precisa ser digital, oferece suporte a iniciativas como essa. Porém, é essencial um esforço conjunto de conscientização da sociedade.
Se unirmos esforços para solucionar os problemas acumulados ao longo de décadas e, simultaneamente, eliminarmos práticas que prejudicam o meio ambiente, será possível recuperar os espaços perdidos.
Infelizmente, não estamos conseguindo sanar os danos provocados por anos de desperdício e hábitos prejudiciais. Mais grave ainda, muito pouco tem sido feito para impedir o agravamento dessa situação.
A reversão desse quadro exige a atuação coordenada de governos, empresas e sociedade. No entanto, enquanto permanecermos aguardando que o “outro” tome a iniciativa, o planeta continuará a sofrer os impactos de nossa inércia.
Faça a sua parte: valorize empresas que investem no desenvolvimento sustentável, adote hábitos responsáveis para o descarte de resíduos e comprometa-se com pequenas ações diárias para proteger o planeta.
Lembre-se de que as futuras gerações herdarão o mundo que estamos construindo hoje. Portanto, é o momento de agir para garantir um futuro melhor.
Agora que você conhece mais sobre esse assunto, aproveite para conferir nosso post: Qual é o papel da tecnologia na gestão de resíduos?