A indústria alimentícia é um setor de grande importância para a economia brasileira, mas gerenciar seus resíduos de maneira mais eficiente é uma necessidade urgente.
De acordo com dados fornecidos pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o segmento é responsável por 10,6% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, representando grande parte da produção do país.
Assim, procedimentos mais sustentáveis e que gerem menos impactos ambientais são cada vez mais importantes, para que esse setor tão relevante atue de forma mais ecológica e gere menos danos à natureza.
A produção de lixo é um dos maiores desafios enfrentados pela indústria brasileira, com volumes muito altos e uma destinação que nem sempre é adequada, e setor alimentício não é uma exceção nesse cenário.
Para entender como devem ser gerenciados os resíduos na indústria alimentícia, continue a leitura!
Como são classificados os resíduos na indústria alimentícia?
A produção de resíduos é um fator que gera grande preocupação entre ambientalistas do mundo todo, tendo em vista o crescimento contínuo do volume de lixo gerado pela população e, principalmente, pela indústria.
Assim, também cresce a necessidade de processos mais eficientes no gerenciamento desses resíduos, que permitam dar a destinação correta a cada um dos materiais descartados nos processos produtivos dos mais diversos setores, incluindo a indústria alimentícia.
Classificar os resíduos é o primeiro passo para um gerenciamento mais eficiente, que garanta a destinação adequada ao lixo gerado no ambiente de empresas e instituições.
Nesse sentido, cabe ao próprio empreendimento realizar uma análise dos materiais descartados em sua rotina de produção, observando de que maneira esses itens se enquadram à classificação estabelecida pelas Normas Brasileiras (NBRs).
A NBR 10004 é responsável por propor uma classificação geral para os resíduos produzidos no Brasil, permitindo que empreendimentos avaliem o quadro de geração de lixo em seus ambientes de trabalho.
No caso da indústria alimentícia, os materiais devem ser inicialmente divididos entre resíduos sólidos orgânicos (materiais úmidos), resíduos sólidos recicláveis (materiais secos) e efluentes gerados nos processos de fabricação (produtos químicos e biológicos).
Alguns exemplos de resíduos associados à indústria alimentícia são:
- águas residuais do processo de lavagem de máquinas e equipamentos,
- bagaços, cascas de frutas e legumes geradas durante o processamento de alimentos,
- efluentes resultantes de tratamento físico-químico, efluentes industriais biodegradáveis e sanitários,
- líquidos provenientes da limpeza de caixa de gordura industrial e refeitórios,
- lodos sólidos ou líquidos,
- produtos alimentícios vencidos,
- restos de alimentos de restaurantes, supermercados, entre outros estabelecimentos.
Por que realizar o gerenciamento desses resíduos?
A preocupação voltada à produção de lixo pelo ser humano vem crescendo conforme avançam os impactos gerados por esses materiais.
Um dos principais problemas observados nesse cenário é o acúmulo de resíduos, devido à falta de uma destinação adequada a cada tipo de material descartado, seja em ambientes residenciais ou na indústria.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o Brasil produz quase 37 milhões de toneladas de lixo orgânico ao ano, enquanto apenas 1% desses materiais é reaproveitado.
Assim, esses itens passam a ser acumulados em espaços como os aterros sanitários, mas também nos lixões a céu aberto, que ainda são uma alarmante realidade no país.
Nesse sentido, além de gerar o acúmulo de resíduos nesses locais, diminuindo a vida útil de espaços como os aterros, a destinação inapropriada do lixo orgânico também pode levar a contaminação do solo e da água, tendo em vista os perigos oferecidos pelos lixões.
No cenário da indústria alimentícia, cabe lembrar que esse tipo de material corresponde a grande parte dos resíduos descartados, de modo que um gerenciamento mais eficiente se faz necessário.
Além disso, também é importante apontar para a grande quantidade de efluentes descartados pelo setor, gerando a disseminação de substâncias que podem trazer prejuízos à preservação do meio ambiente e até mesmo à saúde pública.
Diante desse cenário, cabe relembrar que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), legislação criada em 2010, determina que empresas e instituições são responsáveis pelos resíduos que geram, desde o descarte até sua destinação.
Assim, é fundamental que a indústria alimentícia esteja ciente dos impactos que pode provocar ao meio ambiente e aplique medidas efetivas no gerenciamento de seus resíduos, promovendo uma atuação mais sustentável.
De que forma gerenciar os resíduos na indústria alimentícia?
Para gerenciar resíduos de maneira mais eficiente, o primeiro passo é avaliar a produção de lixo no ambiente do estabelecimento em questão, buscando compreender características como volume e natureza dos materiais descartados.
Assim, em um primeiro momento, a separação entre lixo orgânico e reciclável pode ser uma maneira efetiva para avaliar as necessidades da empresa em relação aos resíduos que gera em seus processos produtivos.
O próximo passo é encontrar formas de descartar esses materiais de modo responsável, garantindo que não tragam impactos negativos ao meio ambiente.
No caso dos resíduos orgânicos, a exemplo dos alimentos vencidos, a compostagem é uma saída sustentável e prática, que permite o reaproveitamento desses materiais para gerar novos produtos, como adubos e fertilizantes.
Os efluentes gerados nos processos de limpeza, que fazem parte do dia a dia da indústria alimentícia, podem ser encaminhados a centros de tratamento, para que não gerem a poluição da água na natureza.
Por fim, contar com um serviço de coleta de lixo é fundamental para garantir que os resíduos sejam destinados de maneira correta, por profissionais capacitados e com experiência nesse tipo de processo.
Dicas para promover a sustentabilidade na indústria de alimentos
A adoção de hábitos mais sustentáveis no dia a dia dessa indústria pode ir além de um gerenciamento de resíduos, embora essa seja uma etapa fundamental para reduzir os impactos ambientais das atividades da empresa.
Um uso mais responsável da água no ambiente de trabalho, por exemplo, pode ser uma maneira de trazer a sustentabilidade para a rotina do estabelecimento e promover o debate sobre essa pauta entre as pessoas que atuam no local.
O reaproveitamento é uma saída eficiente e pode trazer mais economia para atividades como a limpeza de áreas externas.
Além disso, investir na otimização dos processos também pode ser uma ação eficaz para que cada etapa da produção passe por melhorias em relação à utilização de recursos, seja de matéria-prima ou energia.
Assim, essa também é uma maneira efetiva de promover a sustentabilidade na indústria alimentícia.
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