Os resíduos têxteis são grandes vilões quando o assunto diz respeito à proteção do meio ambiente.
Vivemos uma época onde a produção gera riqueza, conforto e bem-estar a sociedade, no entanto, a poluição e a falta de cuidado com os resíduos, estão criando uma situação preocupante que acaba se refletindo nos diversos fenômenos que passaram a ser frequentes na vida das pessoas.
A poluição do ar cria o conhecido efeito estufa, uma preocupação mundial, pois nosso planeta vem sofrendo um aumento da temperatura, situação que resulta em sérios problemas aos ecossistemas e a grandes transformações climáticas.
O descarte incorreto de resíduos afeta e polui as cidades, rios, mangues, florestas e o solo, causando sérios danos ambientais com reflexos que acabam chegando aos oceanos.
Como resultado, ocorrem calamidades que poderiam ser evitadas, tragédias e desastres naturais que até então não conhecíamos.
Infelizmente, a indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo e medidas precisam ser tomadas urgentemente para evitarmos problemas ainda maiores do que aqueles que já estamos enfrentando.
Conforme a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), nosso país descarta anualmente 80 milhões de toneladas de resíduos.
Isso não seria um problema, se uma boa parte desse material fosse reaproveitado, ou seja, tivesse como destino o processo de reciclagem, no entanto, segundo a Abrelpe, apenas 4% desses resíduos passam por essa situação.
Neste post, apresentaremos os impactos do descarte incorreto de resíduos têxteis e o que deve ser feito para revertermos esse quadro. Continue lendo e conheça detalhes a esse respeito!
O que são considerados resíduos têxteis?
Os resíduos têxteis são constituídos por roupas velhas, retalhos da indústria de modas e peças de couro que são descartados, pois não possuem mais utilidade no processo produtivo ou para uso no dia a dia da sociedade.
Além disso, também são considerados resíduos dessa indústria os componentes químicos dos tecidos e as tinturas utilizadas nos processos fabris.
Dependendo do tipo de tecido descartado, eles podem levar entre 5 e centenas de anos para se degradar, quando, além disso, as tintas e demais produtos químicos utilizados nos processos de confecção acabam contaminando o solo.
Como exemplo, o poliéster leva cerca de 200 anos para se decompor na natureza.
Isso significa que, além das “montanhas” de resíduos têxteis que são anualmente descartadas indevidamente, à medida que esses produtos vão se degradando, criam-se sérios problemas para o solo de lixões, aterros sanitários e qualquer espaço onde forem colocados.
Por que os resíduos têxteis são considerados problemáticos?
Considerando que a população do mundo ultrapassou os 8 bilhões de pessoas, não é difícil ter uma ideia do volume de roupas e utensílios têxteis que são utilizados no dia a dia.
Basta apenas olharmos para o guarda-roupa e tomamos um susto se pararmos para contar a quantidade de peças que possuímos.
O problema não está em possuir um volume considerável de roupas, mas sim o que é feito com aquelas que não desejamos mais.
Além disso, considere a quantidade de pedaços de tecidos que são perdidos diariamente nas empresas de confecções espalhadas por todo o planeta e o quanto esse material pode impactar negativamente.
O momento é complexo, pois vivemos as seguintes situações quando o assunto é voltado aos resíduos têxteis:
Novas demandas de produção
As demandas de produção da indústria têxtil continuam positivas, o que sem dúvida é uma boa notícia para a economia e demonstra que os momentos negativos vividos na pandemia do Coronavírus ficaram no passado.
De acordo com o Instituto IEMI – Inteligência de Mercado, o ano de 2023 deverá fechar com a comercialização de 6,55 bilhões de peças somente no Brasil, o que significa um crescimento de 3,8% se comparado ao ano de 2019, quando o setor estava no auge da produção.
Isso se dá em função do crescimento das compras online, onde os consumidores conseguem adquirir todo tipo de roupa sem precisar sair de casa.
A crescente do mercado é real e junto com essa boa notícia vem a preocupação com o destino dos resíduos têxteis que estarão também fazendo parte dessa realidade.
Descarte incorreto desses resíduos
O segundo ponto que traz preocupações com esse assunto diz respeito ao descarte incorreto desses resíduos.
Segundo os levantamentos realizados pela Abrelpe, no ano de 2022, só no Brasil foram descartados mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis.
Esse volume corresponde a 5% de todos os resíduos produzidos no país.
Como vimos anteriormente, o descarte realizado de forma incorreta acaba causando grandes problemas para a sociedade e para o planeta, como:
- mudanças climáticas,
- poluição química,
- efeitos prejudiciais à saúde humana.
Isso significa que tanto por parte da população como das próprias indústrias, o descarte inadequado de produtos têxteis acaba se refletindo negativamente nas famílias e na economia.
De alguma maneira, vamos ter que arcar com as consequências e, em algum momento, precisaremos investir muito dinheiro para tentarmos reverter a situação.
Uma boa ideia seria a de iniciarmos um processo de conscientização e assumirmos compromissos imediatamente, visando colocar em prática a economia sustentável.
A Lei nº 12.305/2010 e as responsabilidades das empresas no descarte
No Brasil, a Lei nº 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Dentre os diversos objetivos do PNRS, podemos destacar:
- proteção da saúde pública e da qualidade ambiental,
- não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequadas dos rejeitos,
- estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços,
- adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas,
- incentivo à indústria de reciclagem,
- gestão integrada de resíduos sólidos,
- incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial.
Como se observa, o melhor caminho para a indústria é realizar o descarte correto de resíduos têxteis, envolvendo os processos de reciclagem, ou seja, possibilitar que os
materiais possam retornar ao ciclo produtivo, transformando-se em matéria-prima de novos produtos, através da desfibrilação dos fios.
Outra excelente opção é a logística reversa, uma ação onde se torna possível que consumidores possam descartar seus produtos usados visando o seu reaproveitamento.
Algumas lojas já disponibilizam pontos de coleta, possibilitando essa ação e colaborando de forma efetiva com a legislação e com a qualidade de vida do planeta.
O fato é que ações precisam ser tomadas e sua empresa pode colaborar para a melhora dessa situação que se torna a cada dia mais grave e preocupante.
Agora que você já tem mais informações sobre esse importante assunto, leia também nosso post que apresenta os 5 Rs da sustentabilidade: saiba mais sobre essa política e de que maneira o seu empreendimento pode colaborar com o meio ambiente!
