El Ceibo é a cooperativa de reciclagem mais antiga de Buenos Aires e há mais de 35 anos inspira e promove o cooperativismo como fonte de geração de renda e contribuição para o meio ambiente.
Na Argentina, coletar papéis, plásticos, vidros, metais e outros materiais recicláveis se chama cartonear e as pessoas que realizam essa atividade são conhecidas como cartoneros ou cartoneras.
Atualmente, são mais de 150 mil cartoneros e cartoneras em todo o país, impulsionados pela crise de 2001, que levou muitos argentinos a criarem seu próprio meio de subsistência.
Muitos desses trabalhadores operam em sistema de cooperativas.
Uma dessas organizações é a El Ceibo, a mais antiga cooperativa de Buenos Aires, fundada por Cristina Lescano, que em meio ao cenário da hiperinflação vivenciada pelo país, em 1989, iniciou como cartonera na busca de renda para criar seus filhos.
Buenos Aires se destaca ao investir em tecnologias e equipamentos para melhorar a eficiência e segurança dos recicladores e a El Ceibo segue como referência nacional, inspirando outras cooperativas e promovendo o fortalecimento do cooperativismo local.
Continue a leitura e se inspire na história e nas lições que a El Ceibo nos traz.
Trajetória da cooperativa de reciclagem mais antiga de Buenos Aires
Em 1989, em meio à hiperinflação que abalou a Argentina, Cristina Lescano se viu desempregada e com dois filhos para sustentar.
Sua alternativa foi cartonear papelão pelas ruas de Buenos Aires. Em seguida, aliou-se a mais oito mulheres que começaram bater de porta em porta dos moradores da cidade, em especial da redondeza de Palermo, explicando aos moradores como separar devidamente os seus lixos para que elas pudessem recolhê-los e revendê-los.
Na época, as cartoneiras usavam uma casa invadida de Palermo para deixar os materiais recolhidos, separá-los e posteriormente revendê-los.
Além da coleta, elas iniciaram juntas uma jornada em prol da valorização do trabalho dos catadores e do pagamento justo pelo material recolhido.
Com o passar dos anos, a cooperativa cresceu e se tornou um modelo nacional. Ela se estabeleceu oficialmente no bairro de Palermo e emprega cerca de 300 pessoas.
Seu foco é:
- realizar a coleta seletiva,
- contribuir com o meio ambiente,
- garantir dignidade e fonte de renda justa para os cooperados.
Atualmente, Matías Lescano, filho de Cristina, lidera a cooperativa de reciclagem El Ceibo, que serve de inspiração para outras organizações, novos projetos e numerosos catadores.
6 lições que podemos aprender com a cooperativa argentina
A história e a atuação da cooperativa de reciclagem mais antiga de Buenos Aires revelam práticas e aprendizados profundos que vão além de reciclar.
Confira seis lições essenciais extraídas dessa trajetória.
Transformação social por meio da reciclagem
Originalmente concebida para gerar renda em meio à crise econômica e ao desemprego, a cooperativa de reciclagem evoluiu para se tornar uma ferramenta essencial de inclusão e transformação social.
A profissionalização do trabalho dos catadores não só aumentou a renda, mas também criou empregos dignos para indivíduos e famílias em situação de vulnerabilidade.
Lembrando que atualmente cerca de 300 pessoas são empregadas direta e dignamente pela cooperativa.
Empoderamento dos trabalhadores da reciclagem
Desde sua origem, quando as mulheres decidiram se unir, elas iniciaram uma longa jornada para condições dignas de trabalho, valorização da atividade e melhores preços pelos materiais.
A cooperativa de reciclagem provou que a coletividade resulta em poder e concretização, servindo como um exemplo contínuo de autonomia e reconhecimento do valor do trabalho dos catadores.
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O papel fundamental da educação ambiental
Lembra-se de como, no começo, as mulheres iam de casa em casa instruindo os vizinhos sobre a separação do lixo, para que pudessem recolhê-lo e vendê-lo?
Ainda que o objetivo inicial não fosse a educação ambiental, mas sim otimizar a coleta, a cooperativa de reciclagem viu a conscientização ambiental surgir de forma natural e progressiva ao longo de sua história.
Com o tempo, os catadores perceberam seu papel no cuidado com os resíduos e na preservação do meio ambiente.
A cooperativa direcionou investimentos significativos para a conscientização. Esse esforço foi voltado tanto para os catadores quanto para a população em geral, enfatizando a relevância da separação e do descarte correto. Com isso, contribuiu para edificar uma cultura de seleção de resíduos, reciclagem e consumo consciente.
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Resiliência diante das dificuldades econômicas e políticas
Fundada em 1989, durante uma crise econômica na Argentina, a cooperativa El Ceibo surgiu como alternativa de subsistência para catadores.
Com o tempo, estruturou-se, cresceu e se tornou referência em reciclagem com inclusão social em Buenos Aires. Enfrentou e resistiu a outra grande crise financeira, a de 2001, e continuou crescendo com coragem e flexibilidade.
Sua adaptabilidade permitiu que os cooperados continuassem a fornecer serviços essenciais à comunidade, assegurando a subsistência de suas famílias.
Desde 2025, a cooperativa enfrenta um novo desafio: a ameaça de despejo do galpão que ocupa há mais de duas décadas. Essa situação, impulsionada por decisões políticas e disputas territoriais, mobilizou os cooperados, que buscaram apoio da sociedade civil.
Apesar da incerteza, eles continuam operando e processando cerca de 430 toneladas de materiais recicláveis por mês.
Parcerias estratégicas para o crescimento
A cooperativa de reciclagem mais antiga de Buenos Aires nos ensina uma lição valiosa: parcerias sólidas são essenciais para o desenvolvimento de qualquer organização.
Graças ao apoio da prefeitura de Buenos Aires, que reconheceu seu impacto social e ambiental e colaborou na concessão do galpão onde a cooperativa opera há mais de duas décadas, a El Ceibo conseguiu fortalecer sua atuação, apesar da recente ameaça de despejo por questões políticas.
O avanço da recicladora também ocorreu a partir de vínculos firmados com universidades, empresas e moradores, que em conjunto ajudam:
- a melhorar as condições de trabalho,
- ampliar a capacidade de operação,
- educar ambientalmente a sociedade,
- valorizar a reciclagem e os cartoneros no país.
Inovação no processo de reciclagem e na gestão dos resíduos
El Ceibo nos ensina que uma cooperativa de reciclagem vai muito além de coletar materiais recicláveis.
Ela coleta, seleciona, prepara e comercializa, mas precisa investir continuamente em tecnologias e métodos inovadores para tornar seus processos mais eficientes e sustentáveis.
A cooperativa de reciclagem mais antiga de Buenos Aires exemplifica como a organização, a colaboração e uma perspectiva de longo prazo transformam essas entidades em motores de inclusão social, educação ambiental e sustentabilidade inovadora.
Isso demonstra que essa prática pode ser um poderoso agente de transformação, beneficiando tanto os catadores quanto as comunidades envolvidas e o meio ambiente.
Agora que você conferiu 6 lições que podemos aprender com a cooperativa mais antiga de Buenos Aires, que tal acompanhar o nosso blog e conhecer mais sobre o incrível universo da reciclagem?