Os catadores de recicláveis são os responsáveis por grande parte dos resíduos sólidos recolhidos nas cidades e reaproveitados como matéria-prima nas indústrias brasileiras.
De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), a coleta seletiva de resíduos está presente em apenas 38% dos municípios brasileiros, no entanto, o que de fato movimenta a indústria da reciclagem no país são os trabalhadores informais, conhecidos como catadores.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 15 milhões de pessoas em todo o mundo dependem dessa atividade para viver. No Brasil, o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) aponta que esse número chega a 800 mil trabalhadores.
Apesar do número expressivo de pessoas envolvidas nesse processo, segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), apenas 8,3% dos resíduos descartados em nosso país acabam se transformando em matéria-prima para a fabricação de novos produtos.
Nesta publicação, exploraremos a importância dos catadores de recicláveis para a limpeza urbana e para o futuro da sociedade. Acompanhe para saber mais!
Catadores de recicláveis e seu papel na gestão dos resíduos sólidos
Os catadores de recicláveis são vistos por muitas pessoas como pessoas que não conseguiram alcançar o sucesso em suas vidas acadêmicas e profissionais, portanto, muita gente marginaliza aqueles que atuam nesse segmento.
A função desses indivíduos é crucial para a sociedade. É através de sua dedicação, enfrentando condições climáticas adversas e empurrando carrinhos por longas horas, que avanços significativos têm sido alcançados nas estatísticas desse setor.
Isso significa contribuir com a:
- limpeza urbana,
- redução da poluição ambiental,
- diminuição de problemas envolvendo o saneamento básico,
- recolocação de resíduos nos processos produtivos,
- contribuição para a sustentabilidade do planeta.
A reciclagem como meio de sobrevivência e inclusão social
A reciclagem, além de ser uma necessidade para toda a sociedade, é também um meio de sobrevivência para centenas de milhares de brasileiros.
Nota-se que muitas pessoas acabam encontrando nessa atividade uma maneira de se sustentarem, quando conseguem, a partir do seu trabalho, as condições mínimas para a subsistência de suas famílias.
Os catadores de recicláveis, em sua imensa maioria, são pessoas que possuem um alto nível de vulnerabilidade, ou seja, normalmente são aqueles que atuam na informalidade, recebendo valores a partir da venda dos resíduos sólidos recolhidos pelas ruas.
No entanto, existem também aqueles que se organizaram e hoje atuam de maneira formal, tanto como microempreendedores individuais como participantes de cooperativas destinadas a esse fim.
Desafios enfrentados pelos catadores de recicláveis no Brasil
Um dos maiores desafios para os catadores de recicláveis no Brasil é a falta de reconhecimento social. Frequentemente marginalizados, são vistos erroneamente como indivíduos sem vontade de trabalhar, embora muitos dediquem mais de dez horas diárias à sua atividade.
Outro aspecto diz respeito a sua remuneração, uma vez que não existe uma estabilidade a esse respeito.
As condições climáticas adversas, como sol intenso, chuva e frio, frequentemente impossibilitam o trabalho desses indivíduos. A rotina diária exige que empurrem ou puxem carrinhos que, em muitos casos, podem pesar mais de 120 quilos.
Portanto, é preciso disposição e saúde para enfrentar longas jornadas e caminhadas que envolvem quilômetros de distância.
A ausência de infraestrutura adequada e a falta de políticas públicas de apoio acabam contribuindo para as dificuldades desses profissionais, que precisam merecer a atenção e o respeito de todos.
A importância das cooperativas e associações para os catadores
Uma ótima maneira de apoiar os catadores de recicláveis é através de cooperativas e associações. Essas entidades fortalecem a categoria, oferecendo um modelo de trabalho formal com boas chances de êxito.
De acordo com uma matéria publicada pelo portal MundoCoop, existem atualmente no Brasil aproximadamente 3 mil cooperativas atuando nesse segmento, onde 70 mil trabalhadores prestam seus serviços.
Essas instituições facilitam toda a operação, possibilitando melhores receitas para os seus associados e continuidade nos negócios, uma situação importante que garante:
- melhores condições de trabalho,
- acesso aos benefícios sociais,
- maior participação na cadeia produtiva da reciclagem.
Nesse cenário, as indústrias sentem-se mais seguras para firmar acordos de compra de matérias-primas recicladas. Toda a sociedade é beneficiada, pois a natureza é protegida e milhares de famílias são incluídas no mercado consumidor, garantindo sua subsistência.
Políticas públicas e incentivos para valorização dos catadores de recicláveis
O governo, através da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), incentiva a criação e o desenvolvimento de cooperativas e associações de catadores de recicláveis, estabelecendo diretrizes nacionais para o saneamento básico.
Isso significa que possibilita a contratação dessas entidades por parte do titular dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, sem que o processo tenha a necessidade de ser licitado.
A proposta visa fortalecer a organização produtiva desses profissionais, fundamentada nos seguintes princípios:
- autogestão,
- economia solidária,
- acesso a oportunidades de trabalho decente.
Como se observa, os resultados são positivos, no entanto, muito ainda precisa ser feito para que outras centenas de milhares de famílias possam se beneficiar dessas políticas e possibilitar que nossos índices de reciclagem alcancem resultados muito superiores aos atuais.
Segundo a Secretaria Nacional de Meio Ambiente Urbano, Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental, o Brasil desperdiça anualmente R$ 38 bilhões, enterrando ou jogando em lixões materiais que poderiam estar circulando novamente na economia.
É preciso que o governo federal, os estados e municípios desenvolvam medidas para ampliar o reconhecimento e a integração dos catadores de recicláveis em programas de gestão de resíduos sólidos, além de criar novas oportunidades para isso.
Como se observa, ninguém perde com a ampliação dos programas e incentivos voltados a esses profissionais que, na sua grande maioria, vivem à margem da sociedade.
Ao contrário disso, torna-se possível a partir da valorização desse importante setor, uma diminuição substancial dos desperdícios, a proteção ao meio ambiente, a prática de ações voltadas à sustentabilidade e a melhora de condições de vidas de milhares de famílias em todo o país.
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