Os lixões a céu aberto são um enorme problema que já deveria ter sido resolvido, porém, continua sendo a realidade de grande parte das cidades brasileiras.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) entrou em vigor em 2 de agosto de 2010, trazendo inovações para a gestão do tratamento do lixo em todo o país,
Um dos objetivos a serem conquistados e previstos nesta lei, seria a erradicação desses espaços no Brasil até a data de 2 de agosto de 2024, porém, ficamos distantes dessa possibilidade.
Segundo dados da Câmara dos Deputados, existem atualmente em nosso país cerca de 3 mil lixões a céu aberto, sendo a maioria localizada em municípios de até 50 mil habitantes.
Diante dessa realidade, são grandes os impactos sociais e ambientais, conforme veremos a seguir, e medidas precisam ser urgentemente tomadas para que se possa reverter essa situação.
Se por um lado o Brasil é referência mundial em biodiversidade, recursos hídricos e minerais, temos ainda uma enorme mazela a ser tratada quando não conseguimos dar um destino adequado aos resíduos produzidos em nosso país.
Neste post, apresentaremos detalhes da gestão de resíduos, os impactos produzidos pela realidade brasileira e o que fazer para combater essa situação. Continue a leitura e saiba mais sobre esse importante e fundamental assunto!
A gestão de resíduos no Brasil
Definitivamente, a gestão de resíduos no Brasil apresenta sérios problemas que precisam merecer a priorização por parte das autoridades, além, é claro, da conscientização de toda a sociedade.
De acordo com um artigo publicado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), são produzidos anualmente em nosso país aproximadamente 90 milhões de toneladas de lixo.
Infelizmente, apenas 7,5% passa por um processo de reciclagem e 15,5% não é sequer coletado, portanto, são descartados em:
- terrenos baldios,
- rios,
- mangues,
- florestas, etc.
Do total de resíduos recolhidos, apenas 45% acabam chegando aos aterros sanitários e 32% são enviados para os famosos e dispensáveis lixões.
As estimativas com relação a esse assunto são de que o Brasil perde todos os anos R$ 120 bilhões por não conseguir reciclar os seus resíduos sólidos, uma situação que poderia ser revertida se ações fossem tomadas para a melhoraria da infraestrutura e para a eliminação da bitributação sobre os materiais recicláveis.
O que são lixões a céu aberto?
Os lixões a céu aberto são depósitos irregulares onde o lixo é despejado diretamente no solo, sem haver qualquer tipo de preparo ou impermeabilização.
Os caminhões de coleta recolhem os resíduos nos perímetros urbanos e depositam esses materiais em algum terreno previamente escolhido pela municipalidade.
Essa ação faz com que materiais de diferentes naturezas sejam misturados, portanto, encontram-se resíduos orgânicos junto a:
- plásticos,
- papel,
- vidros,
- metais,
- materiais perigosos.
Como já mencionado, no Brasil são aproximadamente 3 mil ambientes nessas condições, portanto, além do desperdício econômico, os impactos são grandes quanto aos aspectos sociais e ambientais.
Quais são os impactos dos lixões?
Como observamos, os lixões brasileiros recebem diversos tipos de resíduos sem tratamento, sendo descartados em terrenos periféricos às áreas urbanas.
Os problemas são muitos e os prejuízos são observados a partir dos aspectos:
Sociais
Infelizmente, esses locais atraem centenas de pessoas que passam a conviver nesses ambientes na busca por resíduos que possam ser coletados e comercializados junto às cooperativas e empresas especializadas em reciclagem.
Nesses ambientes insalubres, crianças, idosos e famílias inteiras, desprotegidas, se veem obrigadas a circular entre urubus, ratos e insetos em busca de sustento, enfrentando inúmeros perigos.
Ferimentos por cortes são frequentes e, muitas vezes, as infecções resultantes podem provocar danos irreversíveis à saúde dos indivíduos.
Além disso, os riscos de doenças são enormes, uma vez que o contato direto com materiais perigosos e em estado de decomposição se transformam em armadilhas que também podem causar sérios problemas.
Ambientais
Com relação aos prejuízos ambientais, os lixões, por não sofrerem nenhum tipo de preparo para receber os resíduos, transformam-se em grandes geradores de materiais poluentes.
O líquido, que é gerado a partir dos resíduos orgânicos, conhecido como chorume, acaba se infiltrando pelo solo, contaminando completamente o ambiente e podendo chegar aos lençóis freáticos e rios.
Todo o ecossistema das proximidades acaba sendo afetado, uma vez que esse poluente destrói a vida e contamina animais e vegetais que podem ser servidos posteriormente como alimentos.
Além disso, a decomposição descontrolada dos resíduos orgânicos gera o metano, um gás que contribui para o aquecimento global e que afeta a qualidade do ar.
Com a presença das pessoas nesses ambientes e com a disseminação desses gases pela redondeza, os problemas respiratórios e contaminações passam a ocorrer, influenciando diretamente na qualidade de vida daqueles que têm contato com essa realidade.
Como combater os lixões?
O combate aos lixões requer uma abordagem colaborativa e uma nova perspectiva por parte de todos os setores da sociedade, como:
- governo,
- empresas,
- população.
O primeiro passo está no fortalecimento das políticas públicas visando o reaproveitamento e a reciclagem dos resíduos sólidos.
Isso ocorre a partir das coletas seletivas, incentivo ao setor e viabilização da economia circular.
Dessa forma, as empresas também são parte essencial do processo, pois precisam estabelecer políticas eficazes para o reaproveitamento dos materiais recebidos e, além disso, garantir uma destinação adequada para todos os resíduos que não podem ser utilizados.
Muitos desses materiais podem ser transformados em matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Dessa forma, é essencial desenvolver ações que promovam essa possibilidade.
As famílias precisam ser conscientizadas na separação dos resíduos orgânicos dos sólidos, já os primeiros podem ser direcionados a compostagem e os demais materiais para cooperativas e empresas especializadas em reciclagem.
É imprescindível que os lixões sejam convertidos em aterros sanitários. Estes são espaços cuidadosamente projetados e construídos em conformidade com rigorosas regulamentações ambientais, contemplando:
- impermeabilização do solo,
- sistemas de coleta seletiva,
- tratamento do chorume,
- sistema para a captação dos gases gerados.
Lembre-se que todas essas ações não podem ser vistas apenas como despesas a serem absorvidas pela sociedade para promover a proteção do meio ambiente, mas também como oportunidades na geração de riquezas.
Consegue-se, de fato, a partir de ações bem definidas, colocar em prática a tão sonhada sustentabilidade, portanto, é chegada a hora de modificar o atual cenário em que vivemos no Brasil quando o assunto envolve os lixões.
Para compreender mais sobre esse assunto, vale a pena a leitura do nosso post que apresenta as consequências da contaminação do solo!
