Quando o assunto envolve moda, não há como não citar ou deixar passar despercebido o Reino Unido (UK), afinal, trata-se de uma referência mundial desse setor.
Por lá, nomes influentes dessa poderosa indústria fazem a diferença, como, por exemplo, Stella McCartney, John Galliano e Alexander McQueen.
Estudantes de todo o globo buscam por suas instituições, uma vez que sistemas de ensino de excelência fazem parte do dia a dia de universidades reconhecidas em todo o mundo, moldando o futuro da moda, tais como:
- London College of Fashion,
- Central Saint Martins,
- Royal College of Art.
Acontece que essa indústria também sofre os efeitos de ações e hábitos que há cada dia ganham mais força junto à sociedade, ou seja, a sustentabilidade das operações.
Para lembrarmos, o termo “desenvolvimento sustentável” foi utilizado pela primeira vez em 1987, quando a ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, apresentou a sua definição:
“Desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades.”
Isso significa possibilitar uma economia dinâmica e de bons resultados, porém, sem a exploração dos recursos naturais de maneira irresponsável e sem agredir o meio ambiente a partir da poluição gerada pelos negócios.
O Reino Unido tem se destacado na indústria da moda ao adotar a moda circular, demonstrando que é totalmente viável aliar beleza e conforto nas peças de vestuário com sustentabilidade.
Para saber mais a esse respeito, vale a pena continuar a leitura de nosso post e conferir os detalhes!
O compromisso do Reino Unido com a sustentabilidade
O Reino Unido vem trabalhando desde 2023 em projetos cujo objetivo é reduzir o desperdício.
Tudo começa com as embalagens. Em maio de 2024, o Governo notificou a Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre o projeto conhecido como Regulamento de Obrigações de Responsabilidade do Produtor (Embalagens e seus Resíduos).
Essa norma determina que todas as embalagens precisam constar de uma identificação que apresente ao consumidor a possibilidade de reciclagem ou não deste item.
Consequentemente, cada embalagem, seja de caixa, vidro, plástico ou outro material, deve exibir de forma visível um símbolo indicando se é reciclável ou não.
A partir dessa exigência, a própria sociedade faz a opção pelo produto que deseja adquirir, considerando essa variável que certamente faz parte da decisão de compra da população, especialmente em função das campanhas que vêm sendo realizadas a esse respeito.
Adicionalmente, o Reino Unido tem injetado cerca de £15 milhões (aproximadamente R$100 milhões) no Programa de Moda Circular, iniciativa que impulsiona a transformação da indústria têxtil em toda a Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
A importância da reciclagem no setor de moda
O Programa de Moda Circular tem por objetivos:
- reduzir o desperdício têxtil,
- minimizar o impacto ambiental,
- gerar novas oportunidades para a indústria da moda.
Conforme dados do governo britânico, o Reino Unido descarta anualmente mais de 1 milhão de toneladas de produtos têxteis, que são destinados a aterros, incineração ou exportação para países em desenvolvimento.
O objetivo do programa é transformar todo esse resíduo em nova matéria-prima têxtil, reutilizando esses materiais na própria indústria, conforme vem trabalhando a UK Fashion and Textile Association (UKFT).
Esse programa compreende dois projetos.
O ACT (Classificação Automática para Circularidade em Têxteis) é uma tecnologia focada no processo de reciclagem, enquanto a Rede de Inovação em Moda Circular se concentra em outras atividades, como:
- modelos de negócios circulares,
- infraestrutura de reciclagem,
- tecnologia de manufatura sustentável,
- desenvolvimento da força de trabalho,
- promoção do crescimento verde.
Inovações tecnológicas no processo de reciclagem
O projeto ACT visa à automação da classificação de resíduos têxteis por meio de inovações tecnológicas no processo de reciclagem.
Desse modo, o governo do Reino Unido, através da UKFT, entra em cena visando preencher as lacunas existentes no processo de automação, viabilizando um consórcio que envolve:
- tecnologias de reciclagem,
- coletores e classificadores de resíduos têxteis,
- acadêmicos,
- fabricantes,
- associações industriais,
- tecnólogos,
- indústrias,
- varejistas.
Deseja-se, a partir dessas ações, neutralizar a produção de têxteis não reutilizáveis (NRT) que até então representavam 99% dos produtos fabricados, contribuindo com 10% da pegada de carbono do Reino Unido, uma vez que se trata do segundo setor que mais polui o ar, ficando apenas atrás da indústria de combustíveis.
Com o uso de novas tecnologias e a conscientização da população, pretende-se alcançar a eliminação da fast fashion, ou seja, o formato de fabricação e comercialização de roupas que rapidamente são descartáveis.
Colaboração entre indústria, academia e governo
No Reino Unido, a indústria, a academia e o governo colaboram intensamente para promover a moda circular, visando o sucesso coletivo nesse empreendimento.
O projeto envolvendo a Rede de Inovação tem por objetivo consolidar esses países como líderes globais na inovação e circularidade de têxteis, quando já se notam a:
- criação de novos mercados,
- geração de empregos,
- investimentos de países estrangeiros.
Por toda a Europa vem sendo promovido um cenário de leis visando unir a indústria ao design ecológico, conhecido também como ecodesign, além da relação dessa tendência com produtos considerados sustentáveis.
Apesar do Reino Unido não fazer mais parte da União Europeia, esse modelo legislativo vem sendo muito valorizado e apoiado pelos líderes do UK.
Outro ponto interessante que merece destaque está na boa receptividade e disposição da indústria em participar dessas operações.
Esse é um mercado emergente, oferecendo uma oportunidade significativa para empresas que buscam se alinhar com uma nova perspectiva de consumo, impulsionada por milhões de consumidores engajados com a sustentabilidade ambiental.
Para isso, a moda circular envolve resíduos que passam pela reciclagem, portanto, muitas indústrias apoiam e desejam estar envolvidas com a Rede de Inovação, bem como com o Future Fibres Network+, um projeto que constrói uma massa crítica de expertise e metodologias transdisciplinares, apoiado por diversas Universidades do Reino Unido.
Desafios e perspectivas futuras para a moda circular
Não existem mais dúvidas a respeito do sucesso e das mudanças que começam a operar em toda a Europa e especialmente no Reino Unido.
Embora existam desafios significativos, especialmente no que tange à necessidade de um trabalho exaustivo de conscientização de todos os envolvidos, tanto a legislação quanto os projetos mencionados estão sendo desenvolvidos para apoiar o mercado.
Certamente, a moda circular ganhará força e em breve esse assunto estará também alcançando o Brasil, portanto, prepare-se para mudanças de comportamento também no que se refere ao vestuário.
Para conhecer um pouco mais a esse respeito, vale a leitura do nosso post que apresenta qual o impacto das calças jeans para o meio ambiente?
