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A reciclagem de calçados como solução sustentável

A reciclagem de calçados é uma solução sustentável cada vez mais urgente diante dos impactos ambientais causados pela indústria do setor, alto consumo e descarte incorreto dos pares.

No Brasil, são fabricados mais de 865 milhões de pares de calçados de diversos modelos por ano, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

O potencial da indústria calçadista brasileira levanta questões ambientais importantes, afinal, o setor gera mais de 600 toneladas ao dia de resíduos industriais e o processo de fabricação libera grandes quantidades de dióxido de carbono.

Outra preocupação é: qual o destino dos calçados após o seu uso? 

Fato é que a economia circular de calçados é um desafio global que exige ações imediatas. 

Nesse contexto, a reciclagem surge como uma solução sustentável que é simultaneamente necessária e urgente. Contudo, o processo apresenta uma complexidade inerente e desafios significativos, muitas vezes tornando inviável.

Você sabia, por exemplo, que nos Estados Unidos as pessoas jogam fora mais de 300 milhões de pares de sapatos por ano e 95% deles acabam jogados em aterros sanitários indevidamente?

Essa também é uma realidade global, dos 23,9 bilhões de pares de sapatos fabricados anualmente, em todo o mundo, apenas 5% são reciclados ou reaproveitados, segundo levantamento da Statista, uma plataforma global de dados e inteligência de negócios.

Ficou interessado no assunto? Continue a leitura e conheça os desafios enfrentados pelo setor e as iniciativas já aplicadas por algumas marcas para o descarte responsável. 

Por que a reciclagem de calçados é um desafio complexo?

O descarte inadequado de calçados, sem qualquer reaproveitamento, é um problema global. A complexidade de sua reciclagem reside na variedade de materiais que os compõem.

A confecção de calçados emprega uma variedade de materiais, visando atender às demandas específicas de cada modelo, como impermeabilidade, resistência ao atrito, elasticidade, conforto e elegância, tudo de acordo com sua finalidade.

O corpo de um sapato, por exemplo, pode ser feito de polímeros, couro natural ou sintético, camurça, tecido e entre outros materiais.  

Por outro lado, um único tênis é frequentemente composto por múltiplas camadas e uma diversidade de materiais, incluindo couro, borracha, PVC, EVA e nylon. Além disso, muitos modelos incorporam ilhoses para a passagem dos cadarços.

Muitos sapatos também trazem adornos como placas de metal, fivelas, ilhós, pedrarias, lantejoulas e outros enfeites.

A complexidade em descolar ou descosturar os diversos materiais dos calçados, e a necessidade de separá-los manualmente por tipo para a destinação correta, ainda são fatores que dificultam a reciclagem desses produtos no Brasil.

Sem contar que seria preciso juntar muitos pares para conseguir um volume significativo de cada tipo de material. 

Enquanto não existirem tecnologias avançadas e acessíveis para realizar essa separação, boa parte dos calçados continuarão indo para aterros sanitários.

Saiba também: Como realizar a destinação de resíduos corretamente?

A logística reversa como solução no setor calçadista

A logística reversa surge como o caminho que tornará o setor mais sustentável.

Diversas iniciativas já são observadas entre fabricantes de várias marcas, que vêm aplicando soluções como o coprocessamento de calçados complexos, a separação de componentes para reutilização em novos produtos e o desenvolvimento de modelos baseados em logística reversa.

A Nike, por exemplo, é uma das pioneiras ao implementar o programa Nike Refurbished, que renova tênis devolvidos e os recoloca no mercado. Inclusive a marca estabeleceu a meta de zerar resíduos em aterros até 2030.

Muitas outras fabricantes, inclusive brasileiras, já adotam a logística reversa quando se trata de gerenciar seus resíduos operacionais. 

Nesse caso, a indústria trata corretamente os resíduos derivados dos processos produtivos, reutilizando-os na fabricação, reciclando-os e até mesmo transformando-os em novos itens, como fertilizantes ou material de construção. 

De maneira similar, algumas marcas, como a Nike, também implementam a logística reversa para seus produtos acabados. Para isso, estabelecem parcerias com cooperativas e desenvolvem programas específicos que visam orientar o descarte adequado.

Os calçados são recolhidos e desmontados, permitindo que seus materiais sejam reintegrados na fabricação de novos pares ou empregados em outros setores industriais, como o cimenteiro.

Leia aqui: Entenda a lei de incentivo à reciclagem.

Exemplos de iniciativas inovadoras na reciclagem de calçados

São várias as iniciativas de marcas brasileiras na reciclagem de calçados. 

A Grendene, por exemplo, faz um trabalho educativo junto ao consumidor, incentivando que os pares em bom estado sejam trocados ou doados. 

E para aqueles que estão sem condições de uso, a marca disponibiliza mais de 400 postos de coleta. Os produtos recolhidos são enviados para recicladores homologados ou reutilizados na fabricação de novos calçados da fabricante.

A Havaianas, por meio do seu programa reCICLO, conta com mais de 200 pontos de coleta no Brasil. 

As cooperativas parceiras realizam a coleta e a triagem dos materiais coletados. As recolhidas são encaminhadas para a reciclagem e transformadas em bolsas, estojos, pisos, pneus de carrinho de mão, etc.

Precisamos destacar também a Recicalce, uma ONG que surgiu visando transformar o descarte dos calçados e acessórios do vestuário em benefícios sociais e ambientais.

Localizada em São José dos Campos/São Paulo, a ONG recolhe sapatos, chinelos e tênis usados, consertam e doam os pares para instituições que atendem pessoas em condições de vulnerabilidade social.

Benefícios socioambientais da reciclagem de calçados

A reciclagem de calçados oferece uma série de benefícios socioambientais que vão muito além da redução na geração de resíduos e da redução da poluição ambiental.

Ambientalmente, ao reciclar se evita que milhões de pares de calçados sejam descartados em aterros sanitários, contribuindo para reduzir a poluição visual, do solo e da água. 

Também evita a emissão de gases de efeito estufa associados à decomposição e à incineração de sapatos, tênis e outros itens velhos e sem uso.

A reciclagem de calçados contribui ainda para a preservação dos recursos naturais ao reduzir a extração de matérias-primas virgens, diminuindo o consumo de energia, água e o impacto ambiental causado pela produção de novos materiais, além, é claro, da redução de custos para o fabricante.

Socialmente, a reciclagem de calçados pode gerar renda e inclusão. Afinal, cooperativas e projetos comunitários atuam na coleta, separação e reaproveitamento dos materiais, criando oportunidades de trabalho.

Ao reaproveitar elementos, como solas, palmilhas e tecidos, estimulamos a economia circular, reduzindo a dependência de matérias-primas virgens, incentivando a fabricação de calçados sustentáveis.

A rastreabilidade também desempenha um papel fundamental. Marcas que conseguem acompanhar o ciclo de vida dos seus calçados garantem que os mesmos sejam destinados corretamente após o uso, fortalecendo-se como empresa responsável ambiental e socialmente. 

O futuro da indústria: criatividade e sustentabilidade

O futuro da indústria calçadista, embora desafiador, está sendo construído sobre dois pilares fundamentais: a criatividade e a sustentabilidade.

Além de diminuir o impacto ambiental, a reciclagem de calçados possibilita a criação de produtos exclusivos com design inovador e um propósito consciente.

Marcas estão criando opções sustentáveis inovadoras ao reutilizar materiais como borracha, tecidos, couro sintético e garrafas PET, superando as abordagens tradicionais.

Materiais reciclados são transformados em solas, palmilhas e cabedais, dando origem a calçados com identidade própria e menor pegada ecológica.

E para ser viabilizada, é preciso:

  • tecnologias que facilitem o processo, especialmente de separação dos materiais,
  • colaboração entre setores,
  • engajamento do consumidor. 

Agora que você conheceu os desafios da reciclagem de calçados e os impactos dessa prática para uma indústria sustentável, que tal continuar aqui no nosso blog e conferir a problemática do fast fashion?

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