A Coreia do Sul é surpreendente, afinal, já nos ensinou que a educação é o melhor investimento para transformar uma sociedade considerada pobre em uma potência mundial.
Depois da guerra da Coreia em 1953, o país estava destruído e a população sofria com a miséria e escassez de recursos.
A partir da década de 1960, essa região começou a mudar a sua realidade, quando investiu pesadamente na educação básica, média e superior, transformando-se em uma das maiores potências econômicas do mundo.
Atualmente, esse país vem apresentando soluções simples, porém diferenciadas e que fazem toda a diferença no que se refere ao tratamento dos resíduos produzidos por sua população.
De acordo com o IMF – World Economic Outlook Database, as estimativas da Coreia do Sul para o ano de 2024, envolve os seguintes índices:
- Produto Interno Bruto (PIB) – US$ 1,760 trilhão,
- crescimento anual do PIB – 2,3%,
- PIB per capita – US$ 34,165 mil,
- índice de inflação – 2,5%,
- taxa de desemprego – 3%.
Como se observa, trata-se de uma economia equilibrada com excelentes índices que merecem a atenção do mundo.
Neste post, apresentaremos o que a Coreia do Sul está fazendo para continuar a sua caminhada rumo a uma sociedade lixo zero. Continue a leitura e confira detalhes a esse respeito!
Políticas de gestão de resíduos na Coreia do Sul
A política de gestão de resíduos na Coreia do Sul foi criada em 1986, quando leis foram implementadas para o atingimento de objetivos visando:
- diminuição na geração de resíduos,
- elevação do percentual de reúso e reciclagem,
- redução no desperdício de alimentos.
Para isso, soluções tecnológicas foram desenvolvidas e a partir de um trabalho de conscientização da população, grandes resultados vêm sendo conquistados.
Uma situação curiosa que se observa nas cidades daquele país é que não existem lixeiras públicas nas ruas, portanto, a população precisa fazer obrigatoriamente o descarte adequado dos resíduos, sob pena de receber advertências, multas e ações judiciais.
A separação dos resíduos também é levada muito a sério, quando a população precisa destinar corretamente o seu lixo, de acordo com as seguintes categorias:
- alimentos,
- recicláveis,
- grandes volumes,
- materiais perigosos,
- roupas,
- demais resíduos.
Mais uma vez, o não cumprimento das regras estabelecidas gera sanções, no entanto, a população colabora, pois sabe que os resultados são perceptíveis a olho nu, como cidades limpas, eliminação da poluição ambiental, proteção aos ecossistemas e qualidade de vida para a sociedade.
O desperdício pesa no bolso
Na Coreia do Sul, uma legislação criada em 1994, conhecida como sistema “Pague Pelo Que Joga”, cobra dos cidadãos uma taxa pelo lixo que está sendo descartado.
Essa ação contribuiu para uma mudança significativa nos costumes e hábitos da população, pois o desperdício, assim como o encaminhamento incorreto dos resíduos, custam no bolso das famílias.
A partir da retirada das lixeiras da cidade e da cobrança dessa taxa, o sul-coreano passou a pensar duas vezes antes de comprar e também começou a analisar os resíduos que seriam descartados a partir do seu consumo.
Como já mencionado, existe uma fiscalização atuante no que se refere ao descarte dos resíduos, além de soluções tecnológicas que controlam essas ações.
A composteira é a aposta para os alimentos descartados pela população
É difícil de acreditar, mas na Coreia do Sul, 90% dos restos de comida são reaproveitados.
Uma reportagem realizada pelo jornal The New York Times mostrou que há quase 20 anos, esse país transforma restos de alimentos em:
- ração animal,
- fertilizantes,
- combustível.
Desde o ano de 2005, é ilegal enviar resíduos de alimentos para os aterros sanitários, portanto, centenas de instalações apropriadas para receber esse material foram construídas, onde esses materiais são processados e transformados em algo útil.
A compostagem é uma maneira inteligente de se desenvolver um adubo natural, onde nesse país asiático, esse fertilizante é distribuído gratuitamente.
Esse processo gera o biogás que é vendido para as concessionárias de energia, quando as bactérias quebram a matéria orgânica produzindo metano e dióxido de carbono.
Por fim, existem ainda os restos dos resíduos que são moídos e transformados em um pó rico em proteínas e fibras e disponibilizados para fazendeiros que queiram utilizá-los como complementos alimentares para galinhas, patos e outras aves de criação.
Coreia do Sul decreta o fim das sacolas plásticas
Outro fato que merece a atenção do mundo está na legislação que decretou o fim das sacolas plásticas na Coreia do Sul.
No final de 2018, o Ministério do Meio Ambiente daquele país decretou a proibição das sacolas oferecidas pelos varejistas.
De acordo com a lei, essas embalagens devem ser substituídas por:
- recipientes recicláveis,
- ecobags,
- sacos de papel.
O não cumprimento da legislação gera uma multa que pode chegar a US$ 2.700,00, além da apreensão de todo o material.
Não é difícil imaginar que imediatamente as sacolas plásticas sumiram no país e que o meio ambiente agradece pela decisão.
Sistemas tecnológicos ajudam no gerenciamento de resíduos
Por fim, o grande aliado de todas essas ações implementadas na Coreia do Sul tem sido a tecnologia.
Tanto ao nível de transformação dos resíduos em matéria-prima para reciclagem, reaproveitamento e transformação dos alimentos e lixo orgânico, como também no controle de tudo aquilo que a sociedade descarta naquele país.
Para isso, além da política de conscientização e divulgação da importância do descarte adequado dos resíduos, foram investidos grandes somas de recursos na fabricação de lixeiras que pesam os volumes descartados e enviam essa informação, através de sinal de rádio, às centrais de controle.
O descarte é realizado a partir do uso de um cartão ou código magnético que identifica o usuário desse serviço, portanto, a lixeira só é aberta após o processo de leitura.
O lixo é pesado e é contabilizado automaticamente para ser cobrado ao final do mês.
A média do valor pago por uma família de quatro pessoas na Coreia do Sul atinge aproximadamente US$ 6,00 ao mês, valor que acaba cobrindo com 60% dos custos de coleta e processamento dos materiais.
Como se observa, a sociedade lixo zero pode se inspirar no modelo sul-coreano que funciona, tem o apoio da população e acaba gerando milhares de empregos em todo o país nas atividades voltadas à proteção do meio ambiente.
Agora que você sabe que existem formas de resolver a preocupante situação envolvendo o descarte dos resíduos, leia também nosso post que apresenta outra solução que está sendo adotada em nosso país: Brasil acelera rumo à sustentabilidade na corrida dos carros elétricos!