O chorume é uma substância comum em lixões e aterros sanitários, mas que também aparece nas compostagens, gerando dúvidas em relação aos riscos causados por ele.
Muitas pessoas não conhecem os perigos que essa substância pode trazer ao meio ambiente, enquanto há também quem não conheça as suas nuances e diferentes origens.
Você já deve, no mínimo, ter se deparado com ele em alguma situação. É fácil lembrar dele pelo odor forte e muito desagradável, assim como pela sua coloração escura.
Sua presença é comum em ambientes nos quais o lixo, especialmente orgânico, fica acumulado por muito tempo, dando origem a esse líquido.
Mas, afinal de contas, quais perigos essa substância pode causar? Para entender melhor o que é, de fato, o chorume e se ele pode trazer riscos à saúde, continue a leitura e saiba tudo sobre esse assunto!
O que é chorume?
Como mencionamos acima, o chorume é um líquido escuro e de odor muito forte, gerado pela decomposição do lixo orgânico.
Ele se origina, portanto, da união entre o acúmulo de matéria orgânica, água e a presença de bactérias decompositoras.
Na primeira etapa da decomposição, ocorre a ação das bactérias aeróbicas, que consomem o oxigênio e fermentam o resíduo, liberando gás carbônico. Na segunda etapa, quem age são as bactérias anaeróbicas, sem a presença do oxigênio, transformando gordura, amido e proteína em ácido acético, que eleva o pH da substância resultante.
A própria natureza do chorume, sua coloração e odor forte, fazem com que muitas pessoas o associem a algo negativo, capaz de gerar danos ambientais e à saúde.
Entretanto, é importante compreender que a substância, por si só, não é prejudicial à saúde humana ou mesmo à natureza. Ao longo deste conteúdo, você conhecerá os aspectos que podem torná-la um risco ao meio ambiente.
Impactos do chorume gerado por aterros sanitários e lixões
Como você já sabe, esse líquido é formado a partir do acúmulo de matéria orgânica. Alguns exemplos de espaços onde encontramos esse elemento de forma muito evidente são os lixões e aterros sanitários.
Nesses locais, são descartados não apenas materiais orgânicos, mas também outros tipos de resíduos, que incluem os descartáveis, mas também os tóxicos, a exemplo de pilhas e baterias, que contém metais pesados em sua composição.
É a partir da presença desses componentes que se originam os riscos gerados pelo chorume, seja ao meio ambiente ou à saúde humana.
Nos aterros sanitários e nos lixões, o líquido gerado a partir da decomposição passa a conter os metais pesados advindos de resíduos tóxicos.
Assim, quando a substância escorre, contamina-se o solo desses locais, o que leva também à sua penetração nos lençóis freáticos.
Ao chegar nesses corpos de água, o líquido se espalha para outros locais e contamina porções maiores de água, as quais podem ser utilizadas para o abastecimento da população e irrigação de plantas.
Dessa maneira, espaços como aterros e, especialmente, os lixões representam um grande perigo ao meio ambiente e à saúde pública.
A contaminação por metais pesados no organismo humano pode levar ao surgimento de problemas nos sistemas respiratório, cardiovascular e nervoso.
Chorume de composteira
Por outro lado, esses riscos não são observados quando tratamos das composteiras, que também funcionam a partir do acúmulo de matéria orgânica e, portanto, com a produção desse líquido.
Nesse caso, estamos lidando somente com a presença de resíduos orgânicos, sem a participação de outros tipos de material na decomposição.
Dessa maneira, a substância produzida pode ser utilizada como adubo natural e fertilizante para plantas, promovendo um crescimento mais saudável a uma grande variedade de espécies.
Cabe lembrar que, mesmo nesse cenário, o líquido continua apresentando coloração escura e odor forte. Entretanto, não há presença de metais pesados, tratando-se de um composto totalmente biodegradável.
Quais as diferenças entre eles?
A principal diferença entre o chorume produzido na compostagem e aquele que é gerado nos aterros e lixões consiste na presença ou ausência de metais pesados, como cádmio, arsênio, cobre, mercúrio, cobalto e chumbo.
Esses componentes fazem com que a substância se torne tóxica e, consequentemente, seja nociva para o meio ambiente e todo o entorno do local onde se encontra, podendo atingir o solo, a água, plantas e animais que vivem na região.
Já no caso da compostagem, estamos diante de um processo bastante benéfico, que representa uma possibilidade de reaproveitamento dos resíduos orgânicos.
Os adubos naturais e fertilizantes produzidos a partir da decomposição desses resíduos, nesse ambiente controlado, trazem excelentes resultados no que diz respeito ao fortalecimento das mais diversas plantas.
Em uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, estudiosos observaram que, 24 horas após a adição da substância às plantas, a sua população de bactérias boas era de duas a três vezes maior do que a do grupo de controle, que não havia recebido o fertilizante.
Assim, essa pode ser uma iniciativa bastante proveitosa para destinar os resíduos orgânicos com mais responsabilidade, optando por um caminho muito mais sustentável do que descartá-los nos aterros sanitários.
Vale lembrar, ainda, que nos aterros o chorume deve passar por diversos processos de tratamento, que ajudam a controlar suas características nocivas, evitando o contato com o solo e a contaminação dos lençois freáticos.
Assim, apesar de a substância produzida nesses espaços ser tóxica, ela pode ser controlada de forma segura e responsável.
Como é possível reduzir os riscos do chorume produzido em aterros e lixões?
Existem diferentes possibilidades de tratamento para reduzir o potencial nocivo dessa substância. Conheça algumas delas:
- recirculação: esse método consiste em drenar e coletar o líquido gerado, devolvendo-o de volta ao interior do aterro, o que o expõe à ação biológica dos microorganismos presentes no lixo, responsáveis por atenuar seu efeito tóxico,
- tratamento biológico: já nesse caso, a substância é depositada em tanques com microorganismos aeróbios e anaeróbios, os quais se alimentam dos compostos orgânicos, transformando-os em adubo, enquanto os metais pesados são retirados por oxigenação,
- tratamento bioquímico: essa técnica consiste em usar plantas como barreiras bioquímicas, que removem, isolam e degradam os componentes tóxicos presentes no chorume,
- aterros sanitários: como mencionamos anteriormente, esses espaços são estruturados de forma a controlar a produção e disseminação desse líquido, utilizando um sistema de drenagem que impermeabiliza o solo e recolhe a substância, para que ela seja encaminhada ao tratamento biológico.
A partir desses diferentes métodos, é possível reverter os riscos causados por esse material, reduzindo os perigos que ele representa ao meio ambiente e à saúde pública.
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